Flora das Dunas

No litoral, a vegetação é de extrema importância na fixação de areias e formação de dunas, encontramos as seguintes espécies:
 
 
 
 
 
* Eruca Marítima (Cakile Maritum)
 
 
 
 
Cakile marítima é mais uma planta colonizadora dos litorais portugueses. Distribui-se por quase toda a Europa temperada mas principalmente por toda a região mediterrânica, incluindo o norte de África. Foi também introduzida na América do Norte onde tem prosperado e é considerada uma espécie invasora.
 
 
 
Cresce na areia, na primeira linha da costa, entre as dunas em formação e a faixa mais recuada das praias onde se depositam os detritos orgânicos (ex: algas) trazidos pelas marés e que enriquecem temporariamente o solo.
 

É, pois, uma planta halófita, ou seja, perfeitamente adaptada ao meio salino onde vive, tendo a capacidade de acumular água nas suas folhas de aspeto carnudo para compensar as altas concentrações de cloreto de sódio a que está exposta.
 

Cakile marítima pertence às Brassicaceae, grande família botânica de grande importância económica, também denominada Cruciferae. Nesta família incluem-se espécies fundamentais na alimentação humana, como por exemplo as couves, a mostarda, o agrião, os rabanetes ou os nabos. Esta família é composta por cerca de 3200 espécies agrupadas em 350 géneros, um dos quais o género Cakile a que pertence a espécie Cakile marítima.
 

Cakile maritima é uma planta anual que forma pequenas moitas de caules eretos ou prostrados, sem pelos e carnudos, os quais ramificam desde a base da planta.
A raiz é comprida e fina. 


As folhas são carnudas, pecioladas, dispostas de forma alternada, profundamente divididas em lóbulos inteiros e de formato elíptico, com margens sinuadas e ligeiramente engrossadas.


Para diminuir a transpiração a superfície das folhas está provida de uma forte cutícula o que lhe dá um aspeto brilhante.

 

As flores, polinizadas por abelhas, moscas, borboletas e outros insetos, são brancas ou ligeiramente rosadas e dispõem-se em cachos pouco densos. 


A corola é constituída por 4 pétalas dispostas em cruz, como aliás é característica comum a todas as espécies das Brassicaceae/Cruciferae


As sépalas são também 4, de ponta arredondada e margens membranosas. 


Os estames agrupados em redor do estigma são 6, sendo 2 curtos e 4 longos. As flores possuem órgãos reprodutores femininos e masculinos funcionais os quais dão origem a frutos secos, designados por síliquas.
 

As síliquas são frutos estreitos e longos formados por dois lóculos, o inferior mais curto mas largo no ápice e o superior, mais longo, com ápice agudo e comprimido; estes dois lóculos estão separados por um septo plano (tipo pelicula) e é nele que se inserem as sementes.
 
Na maturação o fruto abre-se separando-se estas duas valvas, ficando o septo preso ao pedicelo, expondo as pequenas sementes pardas. As sementes são dispersas pelo vento, podendo flutuar na água durante bastante tempo até que as correntes as tragam de novo para terra e encontrem local adequado para germinarem.

 

 
 
 
 
* Cardo-Marinho (Eryngium Maritimum)
 
 
     Notável a capacidade de resistência desta planta selvagem bem ancorada nas dunas do litoral onde lança raízes que podem alcançar os cinco metros.        Folhas persistentes em roseta, coreáceas, cinzento-azuladas e espinhos bem aguçados. O azul é devido á camada de cera que reveste as folhas para          obstar á desidratação a que estão continuamente sujeitas (xerófila).

 

Nesta fase, o assim chamado cardo-marítimo (que dos cardos não tem nada) está em plena floração organizada em inflorescências, umbelas em capítulos. O azul baço das flores, mais ténue ainda nas folhas, espelha o mar. 

 

A polinização está assegurada por insectos.

 

Depois de secas as flores são arrastadas pelo vento, assim se disseminando as sementes.

 

A planta dá uma contribuição significativa na fixação do cordão dunar. Lamentavelmente algum do povão jovem faz poisio e atravessadouro destas zonas protegidas (por quem?). Bem fraco o poder dissuasor de tanto espinho quando as normas gerais de civilidade não são aceites e interiorizadas.

 
 
* Feno-das-Areias (Elymus Fartus)
 
 

FENO-DAS-AREIAS

Família: Gramineae/Poaceae

Outros Nomes Vulgares: grama-canina-das-areias, grama-francesa-das-areias.

 

Características Gerais: Planta vivaz, rizomatosa, com colmos (caules) delgados, rígidos e sem pêlos, podendo atingir 60 cm de altura. As folhas são rígidas e com as nervuras proeminentes, podem ser enroladas ou planas, com a face superior relativamente lisa e brilhante e a inferior apresenta um conjunto de fendas longitudinais em todo o seu comprimento que aumenta significativamente a área de exposição para a realização de trocas gasosas com o meio exterior. A inflorescência é uma espiga direita, de espiguetas solitárias, com 2 a 9 flores, sem pêlos e encostadas à ráquis que é frágil, desarticulando-se facilmente na maturação, acima de cada espigueta. Glumaslanceoladasmúticasobtusas, com 8 nervuras. O fruto é uma cariopse.

 

Floração: Junho a Julho ou Agosto.

 

Habitat: Areias marítimas ou arribas junto ao mar. É uma planta de crescimento relativamente rápido, típica da duna embrionária e tolerante a submersões temporárias pela água do mar.

 

Distribuição: Todo o litoral Português.

 
 
* Estorno (Ammophila Arenaria)
 
 

ESTORNO

 

Família:Gramineae/Poaceae

 

Características Gerais: Planta vivaz, rizomatosa, de porte herbáceo, formando tufos a partir do rizoma rastejante, com 50 a 150 cm de altura e colmos robustos, direitos e sem pêlos. As folhas são enroladas, rígidas, com pêlos fracos mas densos no interior; sem pêlos, lisas e brilhantes no exterior. A lígula apresenta-se pouco espessa e flexível. A inflorescência encontra-se disposta em tirso denso, comprido (9 a 20 cm), oblongo, estreitamente lanceolado, verde-claro a amarelado, com espiguetascom uma só flor, comprimidas lateralmente e com o eixo peludo. Glumas quase iguais, lanceoladas, coriáceas, a inferior com uma nervura e a superior com 3 nervuras, tão ou mais compridas que as flores. Lema lanceolada, coriácea, subigualando as glumas em comprimento. O fruto é uma cariopse sulcada na face interna.

 

Floração: De Abril a Junho.

 

Habitat: Dunas e areias do litoral.

 

Distribuição: Por todo o litoral do país.

 

Curiosidades: Planta pioneira na fixação das dunas: o estorno possui grande capacidade de regeneração e crescimento, formando tufos de colmos flexíveis onde, as areias transportadas pelo vento ficam retidas. Além disso, possui também um sistema radicular de rizomas que se cruzam, facilitando o crescimento até à superfície, caso haja soterramento.

 

 

 
* Cordeirinho das Praias (Otanthus Maritimus)
 
 
Pequeno arbusto, da família Asteraceae, perene, lenhoso na base, lanuginoso (densamente coberto de pêlos compridos e esbranquiçados) com caules rizomatosos, ascendentes, com 20-50 cm de altura; folhas oblongas, ou oblongo-lanceoladasgeralmente inteiras, carnudas, sésseis e, tal como os caules, cobertas de pêlos; flores reunidas em capítulos dispostos em corimbos terminais. 
Distribui-se ao longo da costa leste do oceano Atlântico (desde a Islândia até às Canárias) e por toda a costa do Mediterrâneo. Em Portugal ocorre ao longo de todo o litoral, nos areais marítimos, incluindo nas dunas primárias.
Floração: de maio a setembro.
 
 
 

* Camarinha (Corema Album)

 

 

Corema album (camarinha) é uma das espécies endémicas mais características dos sistemas dunares da costa Atlântica da Península Ibérica, estendendo-se desde o cabo Finisterra até ao estreito de Gibraltar. Ocupa areias mais ou menos móveis em sistemas dunares ou em areias sobre arribas rochosas, habitats que têm sofrido um crescente impacto humano nos últimos tempos.

 

O género Corema compreende apenas duas espécies com uma distribuição disjunta; C. conradii nos sistemas dunares de rochas ígneas da costa NE dos Estados Unidos e SE do Canadá e C. album na Costa atlântica da Península Ibérica, com uma sub-espécie nas ilhas dos Açores C. album subsp. azoricum que cresce sobre cinzas vulcânicas.

 

É um arbusto dióico, com flores pequenas e polinização anemófila que pode atingir um metro de altura. O número de flores por inflorescência varia conforme os sexos, mas nunca excede as 20 flores. As flores masculinas, com 3 estames de cor avermelhada dispõem-se em inflorescências terminais, as flores femininas estão agrupadas no mesmo tipo de inflorescência, com pétalas de 1mm e estigma trífido saliente. A espécie está descrita como estritamente dióica, encontrando-se, embora muito raramente, alguns indivíduos hermafroditas.

 

As suas folhas são muito reduzidas, ericóides, com uma cutícula muito espessa na página superior, enrolando-se sobre a página inferior a proteger os estomas, evitando desta forma grandes perdas de água por transpiração. É uma espécie extremamente adaptada a estes habitats, onde a mobilidade das areias e a falta de água e nutrientes reduzem drasticamente a competição.

 

Os frutos carnudos, uma baga mais ou menos esférica (5-8 mm de diâmetro) de cor branca ou suavemente rosada fazem lembrar uma pérola grande, são comidos por diferentes animais que frequentam as dunas, desde gaivotas, melros e outros passeriformes, bem como coelhos, raposas, texugos, lagartixas entre outros. A manutenção da camarinha nestes sistemas dunares está associada à presença destes animais que actuam como vectores e garantem a sua dispersão e germinação.

 

No passado os frutos eram vendidos ao longo das estradas próximo das praias e nalgumas povoações entre a Nazaré e Aveiro. As bagas eram utilizadas com fins culinários para fabricar marmeladas e licores e também com fins terapêuticos.

 

Distribuição geográfica: Costa atlântica da Península Ibérica desde Cádiz até à Galiza e Açores (subespécie Corema album azorica). Naturalizada em França. Em Portugal ocorre em praticamente toda a faixa costeira, incluindo o final da bacia hidrográfica do Tejo.

 

Caducidade: persistente

 

Altura: não costuma ultrapassar 1 m

 

Porte: pequeno arbusto, muito ramificado desde a base
 

 

Ritidoma: cinzento acastanhado, ramos ascendentes e retorcidos.
 

 

Folhas: 3 por nó, simples, lineares (até 10 x 1 mm), brilhantes, obtusas, revolutas e, por essa razão, profundamente sulcadas na página inferior.
 

 

Estrutura reprodutiva: espécie dióica. Flores unissexuais trímeras (3 sépalas e 3 pétalas), muito pequenas; as masculinas com 3 estames livres e exsertos; as femininas com pétalas ainda mais curtas do que as masculinas; fruto uma drupa globosa até 1 cm, geralmente com 3 pequenas sementes; polpa branca, translúcida, agridoce e comestível.
 

 

Floração: março - maio
 

 

Maturação dos frutos: julho – setembro

 

 

Habitat e ecologia: em comunidades arbustivas sobre dunas secundárias. Prefere solos bem drenados e pode desenvolver-se em solos muito ácidos. Gostam de exposição solar total, embora prosperem com alguma sombra em bosques não muito densos. Tolera temperaturas até -5ºC.

 

 

Usos e costumes: as suas bagas são comestíveis e eram noutros tempos usadas como antipiréticas e anti-helmínticas, embora estas virtudes careçam de corroboração.

 

 

Modos de propagação: Por semente: semear assim que os frutos estiverem maduros. Se guardar as sementes, deve estratificar 5 meses à temperatura ambiente mais 3 meses a 5ºC. Deve plantar-se nos locais permanentes na primavera. Por estaca: estacas semi-lenhificadas em julho / agosto. Também estacas lenhificadas do corrente ano de crescimento em novembro.

  

 

   Designação inglesa / espanhola: Portuguese crowberry / Camariña

 

 

 

Euphorbia paralias L.

 
Morganheira-das-praias
 
Euphorbia paralias é uma das muitas espécies que podemos encontrar nas orlas marítimas crescendo nas dunas primárias, fixando as areias e contribuindo para a consolidação do cordão dunar. É também uma das primeiras plantas a colonizarem as areias nuas que, arrastadas pelo vento, poderão dar origem a novas dunas, ao encontrarem uma planta que as segure. É, pois, uma espécie de grande importância no litoral português.
Euphorbia paralias distribui-se por todo o litoral da Península Ibérica, litoral mediterrânico europeu e norte de África, litoral atlântico desde o Magreb até ao Mar do Norte, Madeira e Canárias.
 
 
Euphorbia paralias é uma espécie halófita, ou seja, tolerante à salinidade que resulta da sua proximidade com o mar. É uma espécie perene, rizomatosa, provida de uma raiz ereta e muito longa, apta para captar água em profundidade. Os múltiplos caules, lenhosos na parte inferior, são quase todos eretos e da mesma altura, não apresentando pelos e podendo atingir os 70 cm de altura. Os caules crescem a partir de uma base lenhosa, no entanto ramos laterais podem surgir caso aconteça a planta ficar parcialmente soterrada pela areia que se acumula à sua volta, arrastada pelo vento.
As folhas, muito numerosas, inteiras e sem pecíolo, carnudas e de aspeto lustroso, estão revestidas de uma forte cutícula, características estas que lhes permitem evitar uma excessiva perda de água, por transpiração. Pela mesma razão, as folhas ascendentes, dispõem-se de forma imbricada, ou seja, umas sobre as outras tal como as telhas num telhado, de forma a poder recolher alguma água resultante das humidades noturnas, tão frequentes nas orlas marítimas. As folhas superiores são maiores que as inferiores.


Tal como muitas espécies do mesmo género, a Euphorbia paralias produz uma seiva branca de aspeto leitoso que é segregada quando a planta é ferida e que é também uma adaptação à falta de água pois a sua função é estancar a perda de seiva, acelerando a cicatrização dos tecidos. Este líquido é toxico, devendo ser evitado o seu contato com a pele, olhos e mucosas.
As inflorescências da Euphorbia paralias são muito peculiares e características do género a que pertence.
Esta é uma espécie monóica pois apresenta inflorescências formadas por flores femininas e flores masculinas separadas, num mesmo individuo (ao contrário do que acontece com a maioria das flores que tem órgãos reprodutores femininos e masculinos numa mesma flor).
Cada flor feminina, solitária, está praticamente reduzida a um ovário trilocular no topo de um pedicelo e está cercada por vários estames, cada um deles resultante de uma flor masculina.
Todo o conjunto, chamado ciato, está protegido por um involucro em forma de cálice, formado por duas ou mais brácteas e provido de 4 ou 5 glândulas que segregam um néctar que atrai os insetos polinizadores.
Cada ciato é solitário e tem um pedúnculo distinto mas de cada um deles emergem vários pedúnculos que se bifurcam dando origem a sucessivos novos ciatos, em várias camadas.
O conjunto dos ciatos têm a vantagem de dar mais visibilidade à planta por forma a torna-la mais atraente para os agentes polinizadores.
A floração ocorre de março até ao final do verão.
Os frutos são capsulas arredondadas de casca granulada e marcada por 3 sulcos profundos. No interior existem 3 sementes ovoides as quais são expelidas a uma distância de 1 a 2 metros, sendo disseminadas pelas formigas ou pelo vento.
Uma planta vigorosa pode produzir até 5000 sementes por ano. Sendo tolerantes ao sal e bastante resistentes, estas sementes podem viajar nas correntes marinhas por 1 ou 2 anos e ainda assim conservar 50 % da sua viabilidade, podendo germinar ao encontrarem o lugar mais propício para o fazer.
 
Euphorbia paralias pertence às Euphorbiaceae, familia botânica de grande importância que inclui espécies de grande valor económico, nomeadamente: a Hevea sp, vulgo seringueira, de onde se extrai a látex usado na manufatura da borracha; a Ricinus communis fonte do óleo de rícino; a mandioca que é a base da alimentação em varias regiões do globo e ainda algumas espécies ornamentais muito populares como aPoinsetia, muito vendida especialmente na época do Natal, devido às suas folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas. Esta família inclui cerca de 6000 espécies repartidas por 222 géneros. O género Euphorbia, ao qual pertence a Euphorbia paralias é um dos mais difundidos e de maior diversidade morfológica. A variedade dentro deste género é sem dúvida surpreendente, existindo espécies de pequeno porte, outras de porte arbustivo ou arbóreo e até algumas que são semelhantes a catos gigantes. Apesar de tal diversidade de formas, todas partilham a estrutura particular das flores, o que as torna tão características.
 

 

Calystegia soldanella (L. ) R. Br.

 
Nomes comuns:
Couve-marinha; Soldanela

 A Calystegia soldanella é uma espécie característica de dunas e areais costeiros, vivendo na linha mais recuada das praias, muitas vezes em concorrência com os banhistas.
Podemos encontrá-la em quase todos os continentes, em zonas costeiras de clima temperado, coabitando com outras plantas psamófilas. Na nossa costa partilha o seu habitat com plantas como Otanthus maritimus, Medicago marítima, Eryngium maritimum, Pancratium maritimum e Ammophila arenaria, entre outras.
 
Calystegia soldanella, incluída na família das Convolvulaceae, pertence ao género Calystegia o qual inclui 25 espécies. As espécies deste género podem ser confundidas com o género Convolvulus, da mesma família, ao qual muito se assemelham.
 
As espécies do género Calystegia são alimento preferencial, senão exclusivo, para as larvas de algumas borboletas.
 
Calystegia soldanella é uma planta perfeitamente adaptada às duras condições existentes no meio onde cresce, exposta aos ventos fortes e carregados de partículas de sal, às amplitudes térmicas muito acentuadas, com luminosidade excessiva e escassez de água e nutrientes. Para sobreviver neste meio adverso a planta desenvolveu a forma prostrada, com raízes muito profundas para poder captar água em profundidade.
 
Esta é uma planta herbácea e vivaz cuja parte aérea se renova anualmente, na primavera, a partir de um rizoma subterrâneo, rico em nutrientes. O rizoma é levemente cilíndrico, grosso e ramificado e cresce de forma horizontal, tendo a capacidade de produzir touceiras que dão origem a novas plantas. Esta forma de propagação vegetativa permite que a planta se reproduza mesmo que uma época desfavorável não lhe permita a produção de sementes.
 
Os caules são rastejantes, ramificados e de seção poligonal; quando feridos ou cortados segregam um líquido leitoso chamado latex que serve como acelerador na cicatrização.
 
Devido às movimentações das areias provocadas essencialmente pelos ventos, muitas vezes os caules da Calystegia soldanella encontram-se enterrados no solo.
 
  
 As folhas são arredondadas e em forma de rim, com contornos em forma de orelha, na base; são de cor verde escuro, mais claras na pagina inferior e com veios bem visíveis; são suculentas o que lhes permite armazenar água e estão ainda providas de uma cutícula cerosa que minimiza a transpiração; dispõem-se no caule de forma alternada e o pecíolo é comprido, maior do que a própria folha.
 
As flores, muito atrativas, são polinizadas por insetos. Crescem solitárias nas axilas das folhas, no topo de um pedúnculo comprido, com 2 bracteolas grandes e ovadas, de cor verde pálido.
 
As bracteolas estão inseridas no pedicelo, envolvendo as 5 sépalas ovadas, de margens sobrepostas, que formam o cálice da flor,característica que diferencia a Calystegia soldanella de outras espéciessemelhantes, do género Convolvulus, em que as brácteas se dispõem abaixo do cálice.
 
A corola, grande e de forma afunilada, é formada por 5 lóbulos soldados, de coloração rosada com veios médios esbranquiçados, formando uma estrela no interior da flor.
 
Na prefloração a corola apresenta-se retorcida.
 
 


A planta possui órgãos reprodutores femininos e masculinos. Os 5 estames, produtores de pólen, estão inseridos na base da corola e apresentam filamentos compridos que terminam em anteras de forma alongada.

O conjunto dos órgãos do pistilo (ovário, estilo e estigma) repousam sobre os nectários de coloração amarela onde é segregado e armazenado o néctar que se destina a atrair os insetos polinizadores. O estilo, comprido e de cor branca, termina em dois estigmas grossos, da mesma cor. 
 
 
Calystegia soldanella floresce e frutifica de abril a julho.
O fruto é uma capsula esférica ou ovoide formada por duas valvas que contêm 3 ou 4 sementes duras, escuras e lisas. 
 
 
 

Medicago marina L.

 
Luzerna-da-praia 
 
Medicago marina é uma planta de origem mediterrânica que se distribui por todo o litoral português, podendo ser encontrada quer nas arribas quer nas areias dos sistemas dunares, meios onde a sobrevivência é bastante difícil. Floresce de fevereiro a julho.
Nas areias, as condições de escassez de água são constantes e o teor de elementos nutritivos é muito baixo. Nas arribas, a situação é igualmente crítica pois as plantas não só vivem sobre as rochas mas também estão expostas aos fortes ventos marítimos.
Medicago marina ultrapassou estas limitações à custa de modificações de natureza morfológica e anatómica, adaptando-se da melhor forma ao meio envolvente. Nesta conformidade, a planta apresenta uma forma prostrada e as folhas têm uma superfície de dimensões reduzidas, cobertas por pelos espessos e curtos de cor esbranquiçada que refletema luz, ajudando a diminuir a incidência dos raios solares. Desta forma, a planta consegue diminuir a transpiração.
Por outro lado, a raiz, que é um rizoma rastejante de onde partem os numerosos ramos, tem um sistema radicular superficial para poder recolher de imediato a água das chuvas e as gotas do orvalho.
 
Medicago marina é uma planta herbácea, perene, com numerosos caules pouco ramificados e lenhosos na base. As folhas, com apêndices localizados na base do pecíolo, junto ao caule, estão divididas em 3 folíolos de formato oval, com a extremidade aguda e ligeiramente curva.
 
As flores são amarelas e estão dispostas em cachos de 5 a 15 flores.
 
 
 
A estrutura das flores assemelha-se, na forma, a uma borboleta e écaracterística das Papilionaceae que é uma das 3 subfamílias em que se subdivide a grande família das Fabaceae/Leguminosae, a que pertence aMedicago marina. Assim, a corola tem 5 pétalas: uma é maior, externa e superior e designa-se por estandarte; as duas pétalas laterais chamam-se asas e as duas internas e inferiores estão unidas e chamam-se quilha.
 
O cálice é formado por 5 sépalas quase iguais.
Ilustração Hyppolite Coste
O fruto é uma vagem enrolada em espiral com duas filas de espinhos curtos e cónicos e com um orifício central.
Sobre as Leguminosae/Fabaceae e o azoto:
Medicago marina está incluída no género Medicago que por sua vez pertence à família das Fabaceae, também denominada Leguminosae, uma das maiores famílias botânicas e cujas espécies estão largamente distribuídas por todos os continentes, com exceção da Antártida.
São plantas de hábitos variados podendo ser herbáceas, trepadeiras, arbustos e árvores. Muitas delas são utilizadas como ornamentais, outras têm grande valor comercial ou industrial devido aos produtos que delas podem ser extraídos, nomeadamente o tanino, substância usada na indústria do couro, já para não falar dos corantes, tinturas, colas, vernizes etc. Mas, é sobretudo como alimentos básicos e essenciais na dieta de todos os povos que as leguminosas são mais conhecidas pois desta família fazem parte feijões, favas, ervilhas, soja, amendoim, apenas para citar algumas espécies.
O ciclo do azoto/Nitrogénio. Esquema: Wikipedia
Tal como a maioria das espécies da família das Fabaceae/Leguminosae, aMedicago marina desenvolve, a nível das raízes, uma simbiose com certas bactérias existentes no solo. Estas absorvem o azoto, também chamado nitrogénio, diretamente da atmosfera transformando-o em amoníaco, permitindo que este seja, de imediato, absorvido pela planta. Mas, nem todo o azoto é utilizado pela própria planta pelo que algum é libertado para o solo, para ser aproveitado por outras. O azoto é essencial ao crescimento das plantas pelo que esta característica é de extrema importância.
O efeito benéfico que advém do plantio de plantas leguminosas é conhecido desde há muitos séculos mas foi em 1888 que H. Helbuegel e H. Wilfarth comprovaram o papel dos microrganismos na fixação do azoto atmosférico realizado pelas leguminosas. Convém referir que a quantidade de azoto fixado pelas bactérias que com elas vivem associadas depende, entre outros fatores, da espécie de leguminosa e das condições do solo. Na agricultura dos nossos dias há quem prefira utilizar adubos verdes para enriquecer o solo, em detrimento dos adubos químicos. Isto consiste em cultivar espécies de crescimento rápido, geralmente da família das leguminosas, as quais são cortadas e enterradas no mesmo local, antes de florescerem e criarem sementes. Esta prática promove o enriquecimento do solo com azoto e outros nutrientes, além de melhorar a estrutura dos terrenos, protegendo-os da seca e limitando o desenvolvimento das ervas daninhas.
 
 
 
 

* Artemisia Campestris

 

Artemisia campestris subsp. maritima

 

Descrição

Sub-arbusto ramoso, perene, lenhoso, sem pêlos, mais ou menos aromático, provido de rizoma do qual despontam raízes profundas. Caules de 30-80 cm de altura, estriados, erectos, ascendentes e geralmente vermelho-acastanhados. Folhas sem pecíolo, carnudas, revestidas com cúticula, alternas, divididas em segmentos, mucronadas. As inflorescências são capítulos ovoídes, erecto-patentes ou inclinados, de forma ovoide, reunidos em cachos plurilaterais, dispostos em panícula ampla. Flor de corola amarela com flores periféricas femininas, delgadas e compridas e flores centrais masculinas, tubulares e mais curtas. Os frutos são cipselas obovoides, lisas e finamente estriadas. Os frutos, geralmente dispersos pelo vento, são cípselas cilíndricas muito pequenas de cor acastanhada, sem pelos nem papilho.


Habitat

 

Terrenos incultos

 

 


Tipo Fisionómico

Caméfito

 

Época Floração

Setembro-Outubro


Estatuto de Protecção

Não tem


Sinonímias

Artemisia crithmifolia L.


Distribuição Geral

W da Europa


Observações

Éspécie frequente em quase todos os areais do litoral português e distribui-se de forma geral por todo o litoral atlântico temperado europeu. É de importância fundamental no equilíbrio dos ecossistemas pois serve de alimento às larvas de variadíssimos tipos de Lepidoptera (borboletas), algumas das quais se alimentam exclusivamente desta espécie, nomeadamente Bucculatrix diffusella, Bucculatrix pannonica e Coleophora settarii Planta medicinal - usada na prevenção de distúrbios gástricos, hipertensão e reumatismo. É ainda vermífuga (daí o nome popular de erva-lombrigueira) e abortiva. Geralmente toma-se sob a forma de infusão para o que se usam os caules e as folhas. Contudo é necessário moderação no seu consumo e ter em conta que a planta é toxica quando ingerida crua.

 

Pancratium maritimum - Narciso-das-areias, lirio-das-areias



Pancratium maritimum é uma planta da família das Amaryllidaceae
Esta família botânica inclui uma enorme quantidade de espécies floríferas, na sua maioria bolbosas silvestres ou cultivadas como ornamentais. As Amarilidáceas têm grande importância, não só pela significativa quantidade e variedade de espécies existentes, mas também pela sua floração exuberante e vistosa. Também de grande importância são as suas comprovadas propriedades terapêuticas, conhecidas desde a Antiguidade.


Pancratium maritimum é nativa da região do Mediterraneo e do sudoeste da Europa (incluindo Portugal). Cresce nas areias costeiras, quase junto á linha limite das marés. Para além da beleza que acrescenta à paisagem, esta é também uma espécie imprescindível para o equilíbrio dos ecossistemas dunares pois dela depende a sobrevivência das borboletas Brithys crini. Tal como acontece com muitas larvas de espécies de lepidóptera que se alimentam de espécies vegetais específicas, as larvas desta borboleta noturna apenas se alimentam das folhas de Pancratium maritimum.
 



 
 
É uma planta vivaz, bolbosa, de porte herbáceo, com altura que pode ir até 50 cm e de cor verde-cinzento–azulada.
As folhas, de forma oblongo-linear podem morrer durante os verões mais quentes pelo que muitas vezes quando surgem as flores, as folhas já secaram total ou parcialmente.
 

 

 A planta floresce de maio a setembro.
O escapo floral é achatado e robusto e pode ter de 15 a 40 cm de altura. 
As flores são brancas, reunidas em umbela e protegidas por uma bráctea seca, muito delgada e flexível. O perianto (conjunto das peças florais que rodeiam os órgãos sexuais da flor) é afunilado, com o tubo comprido. 
As tépalas (cada uma das peças do perianto não diferenciado em cálice e corola) têm forma linear lanceolada e nervura dorsal verde.


Cada flor possui uma coroa com 12 dentes triangulares.
 
 
 
Depois de seco, o fruto abre-se e deixa cair na areia as sementes que são negras, grandes mas muito leves, o que permite a sua fácil dispersão.
Pancratium maritimum é sem dúvida uma planta silvestre muito vistosa mas pode-se dizer que não vive apenas da aparência pois as flores além de belas também libertam uma fragrância exótica e subtil, especialmente percetível nas noites de verão calmas e sem vento.

 

Polygonum maritimum L.

 
Sinónimos:
Polygonum parviflorum Schott in Oken
Polygonum littorale  Loret & Barrandon
Polygonum glaucum Nutt

Polígono-marítimo
 
 
Poligonum maritimum é uma espécie botânica que vive exclusivamente nas orlas marítimas, não só nos rochedos e nas areias das dunas mas também nas praias, muitas vezes em locais ao alcance das marés cheias. 
 
 
É obviamente mais abundante em praias menos frequentadas e com menor pisoteio, por isso tem sido valorizada como espécie indicadora da presença humana e da acumulação de lixos. É uma planta nitrófila, isto é, prefere os solos com alto teor de azoto/nitrogénio, preferindo os locais onde se verifica acumulação de detritos de matéria orgânica.

Polygonum maritimum é uma espécie europeia mas encontra-se amplamente distribuída por quase todas as regiões costeiras do hemisfério norte. Mais concretamente, podemos encontrá-la no litoral atlântico europeu, região mediterrânica desde a Península Ibérica até ao Mar Negro, Ásia, América do Norte e Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde).

Polygonum maritimum é uma planta perene. A raiz é alongada para ir buscar água em profundidade.


Os caules mais velhos estendem-se no solo por cerca de 50 a 80 cm e são algo angulosos e com tendência a lenhificar devido à dissecação; os caules mãos jovens são eretos e vão dos 10 aos 30 cm de altura. A forma prostrada que a planta assume ajuda-a a resistir aos ventos fortes.

As folhas, de cor verde azulado, são lanceoladas e ligeiramente carnudas com cerca de 2,5 cm de comprimento e com as margens enroladas para trás.
 

A margem inferior das folhas apresenta nervuras salientes. O aspeto aveludado das folhas é-lhes dado por papilas que são saliências epidérmicas as quais evitam o aquecimento excessivo e a perda de água.
 
 
 
As folhas dispõem-se de forma alternada, sem pecíolo ou com o pecíolo muito curto, com a particularidade de o ponto de inserção do caule com cada folha estar envolto por uma membrana transparente e acastanhada na base chamada ócrea. 

 

As pequenas flores são brancas e surgem nas axilas das folhas, solitárias ou em grupos de 2 ou 4, com os seus pedicelos cobertos pela ócrea. As flores com órgãos reprodutores femininos e masculinos funcionais, têm 5 pétalas soldadas na base. Os estames são 8.  
 
Polygonum maritimum floresce e frutifica desde  fevereiro ou março até ao inicio do inverno. Os frutos são aquénios de forma triangular, de cor castanho-escuro, lisos e lustrosos.

Esta planta pertence à família das Polygonaceae que inclui cerca de 1200 espécies constituídas por ervas, arbustos, algumas árvores e trepadeiras. Distribuem-se um pouco por todos os continentes mas principalmente nas zonas de clima temperado. Muitas são consideradas ervas daninhas do tipo invasor mas várias espécies desta família são cultivadas como plantas ornamentais. A família das Polygonaceae divide-se em cerca de 50 géneros sendo que a planta deste “post” se inclui no géneroPolygonum, conforme o seu próprio nome indica. A palavra Polygonumderiva do grego e faz referência aos caules de segmentos angulosos separados pelos nós, os quais, envolvidos pela ócrea ficam com aparência inchada; assim poly significa muitos e gonu, joelho, articulação ou ângulo. Estes mesmos vocábulos estão na origem da palavra polígono, usada em geometria (Polígono = uma superfície plana limitada por linhas rectas).

 

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